Wednesday, December 31, 2008
dois mil e nove
Pois é, último dia do ano, última terça-feira. Montes de gente se despedindo do ano que passou, cheios de nostalgia - ou de alívio - e com altas expectativas pro próximo, que começa dentro de algumas horas. Bendita suspension of disbelief que nos deixa acreditar que estaremos recomeçando alguma coisa só porque mudam os calendários.
E eu posso garantir que sim, preciso dessa mudança e desse recomeçar e não é só uma vez por ano: um novo mês, uma nova estação e às vezes até uma semana nova resolve minha necessidade louca de começar tudo de novo, do zero, pra dessa vez fazer tudo certo, dessa vez não errar, ou dessa vez fazer tudo diferente.
2009 é um ano novo e por isso tenho expectativas. Só que 2009 por enquanto não guarda nada que eu já possa esperar: não vou terminar nenhum curso, nem começar nada novo necessariamente. Não vou me mudar obrigatoriamente, como nos outros anos, nem vou ter que escrever uma dissertação, nem uma monografia, nem fazer nenhuma prova e nenhum teste.
Ouvi outro dia que os anos sem planos são sempre os melhores, porque desses não se espera nada e tudo o que vem é surpresa e normalmente boa. Seguindo minha tendência de 2008, tento planejar menos e aproveitar mais as oportunidades que aparecem. Quero muito saber pra onde vou em 2009, mas ainda não tenho idéia. Quero mil coisas, mas o que espero de verdade não é um emprego X ou uma cidade Y, mas sim aquele sentimento bom de que está tudo no lugar.
Vem, 2009, que a curiosidade já começou a apertar.
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Saturday, December 27, 2008
Quick update
Saturday, December 06, 2008
Last-minute update
É amanhã, 7 de dezembro, no Terreiro do Paço, de 10h às 17h. Custa 5€ incluindo o copo para as degustações. É preciso fazer inscrição prévia nas aulas, que duram cerca de 30 minutos.
Tim-tim!
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Friday, December 05, 2008
Disbelieving
Já há uns dois meses que a vida anda mais suspensa do que o normal. Uso esse termo, suspensa, pensando no conceito do Coleridge de suspension of disbelief, que significa a disponibilidade das pessoas em aceitarem naquilo que lêem ou vêem na ficção como verdade. Amo a idéia da suspension of disbelief: ela dá às pessoas o direito de serem enganadas deliberadamente e apesar da estranheza que essa afirmação pode causar, este é um direito muito válido e especialmente importante.
Eu escolhi, há pelo menos 2 anos, suspender a disbelief e aceitar uma vida nômade, com realidades mais breves, com menos planejamento a médio e longo prazo e com muito menos apego. Foi difícil no início, mas depois aprendi, tomei gosto pela coisa e agora tô achando difícil é largar isso pra lá. Vivendo em Portugal há quase um ano começo a sentir, em ondas às vezes fracas, às vezes fortes, a necessidade do desapego, da novidade, da incerteza. Não que eu não goste daqui, muito pelo contrário: Lisboa é uma cidade incrível pra se viver. E não que eu tenha me viciado me mudar, já que estar num mesmo lugar há mais de seis meses é muito bom; acho até que há uma linha que divide os 6 meses do resto: tudo tem um certo gosto até os 6 meses, mas quando ultrapassa essa linha imaginária do tempo a coisa fica diferente. Os amigos ficam mais próximos; a cidade revela mais segredos; tudo adquire uma certa cumplicidade que só sabe quem fica mais de seis meses.
A linha divisória dos 6 meses só perde em importância pra eterna divisão entre o 'should I stay or should I go'. Tenho vontade de ficar (os amigos, a cidade ainda a explorar, o viver e conviver Lisboeta que aos poucos me atinge) ao mesmo tempo que tenho vontade de ir (a novidade, os amigos por fazer, as cidades por conhecer, as línguas por falar). É como a divisão da Vianne, no filme Chocolat (2000), que além de delicioso de assistir, ainda faz pensar.
"The wind spoke to Vianne of towns yet to be visited,
friends in need yet to be discovered,
battles yet to be fought...
by someone else, next time."
Esse final sempre ficou na minha cabeça. Um mantra, muitas vezes dito sem pensar, mas internalizado, como um conselho. A mim não é o vento que inspira, mas o coração; quero ir por qualquer razão que desconheço, mas que seguramente vem de dentro pra fora e não o contrário. What drives me é inexplicável, forte e presente; é quase como se eu estivesse procurando algo que eu um dia vou mesmo encontrar.
Continuo suspensa. Ainda não é agora que vou mandar calar o vento.
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Wednesday, December 03, 2008
Go figure
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do Vinícius
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando.
Friday, November 21, 2008
Check list
Cama de pallets linda de morrer >> check! <<
D.E.L.E. provas escritas >> check! <<
Ufa, parece que agora o inferno astral finalmente começa a dar sinais de que se vai. Com deus! Você já vai tarde e eu vou em direção aos 26. Finde de comemorações!
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Wednesday, November 19, 2008
Fechado para reformas
What the hell... preciso de umas férias. Ou melhor, preciso de uma vida normal de novo.
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Tuesday, November 11, 2008
Countdown
Tuesday, November 04, 2008
Friday, October 31, 2008
Tuesday, October 28, 2008
Monday, October 27, 2008
Mundo II
Wednesday, October 22, 2008
Hoje
Hoje o dia em Lix tá tão lindo que merece um post, mesmo que seja assim rápido no meio dessa correria.
Sol brilhando, céu azul sem nenhuma nuvem e um frrrrio! Em dias assim dá vontade de sentar num café no Chiado e ficar olhando as pessoas passarem enquanto tomo um galão... pra cima e pra baixo nas ruas tortas dessa cidade tímida.
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Monday, October 20, 2008
doclisboa 2008
On the run
Acho que agora entrei mesmo pro time dos que passam camisa domingo à noite.
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Soundtrack: White Stripes
Monday, October 13, 2008
Flower power
Wednesday, October 08, 2008
Tudo novo de novo
Eu bem que achei que depois de terminar a dissertação e com toda essa história de volta às aulas e início do ano letivo aqui na Zoropa eu ia sentir que sim, o ano acabou, welcome new life. Só que não foi bem assim; apesar de que agora tô no clima de novos projetos, em momento algum tive a impressão de que algo acabou... a verdade é que as coisas não acabaram, mas sim continuaram e talvez por isso eu não tenha ainda sentido aquele feeling de dezembro.
No final das contas, foi essa semana que bateu a necessidade de fazer coisas novas: projetos (mesmo que pequenos), objetivos um pouco mais tangíveis e sempre a vontade distante de arrumar aquele emprego ideal que por enquanto está se encondendo de mim. Então comecei com as novidades:
Novidade 1: muitas aulas na escola onde eu trabalho. Para minha felicidade eles resolveram me encher de turmas e eu tô achando ótimo!
Novidade 2: D.E.L.E. Superior. Resolvi acreditar nas minhas capacidades potenciais na língua espanhola e me arriscar a fazer o certificado no nível mais alto. A preparação vai ser uma maratona, mais ou menos como foi a do DELF lá na França... do jeito que eu gosto!
Novidade 3: finalmente fiz uma coisa pequena mas que há muito tempo eu queria fazer: comprei um caderno e comecei a fazer um caderno de receitas!! Vermelho, lindo e cheio de coisas gostosas "para a posteridade". =)
Novidade 4: casa nova! Essa novidade tá demorando mais do que eu queria, mas logo virá com certeza.
Sem pomba branca ou champagne, aí vou eu começar mais uma vez... não o ano ou o mês, mas o meu próprio tempo.
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PS: o Drummond tem um poema ótimo que fala disso... tenho que tentar lembrar qual é. Alguém?
Monday, October 06, 2008
Frase do (outro) dia
Já os pessismistas acreditam que não vai ter merda pra todo mundo."
Sunday, October 05, 2008
Resumo
Sunday, September 21, 2008
Reforma Geral
Dia 20 de setembro de 2008, sábado
Mas é isso aí, bottom line, acabei. Me emocionei ao ler os agradecimentos. Com direito a umas lágrimas na fila do Correio. Logo logo vou postá-los aqui, pra todo mundo poder ler também.
Pena é que não estou muito afim de comemorar.
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Wednesday, September 17, 2008
O Grito
Grito de alívio, de medo, de tristeza e de felicidade.
A diss tá quase no fim e já tô com saudades dessa minha amiga inseparável.
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Sunday, September 14, 2008
Déjà-senti
friozinho de tarde ao andar na avenida da república
céu azul em lix
me lembrou
maio
friozinho de tarde ao andar na avenida do contorno
céu azul em bh
Friday, September 05, 2008
Saudades
Poema enjoadinho
Vinícius de Moraes
Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Perfect quotation
Edgar Allan Poe
Sunday, August 31, 2008
Almost there (I wonder if I'll ever get there)
A partir de não sei que dia da semana que passou o que acabou não foi a diss, mas a inspiração, a vontade, ou o suco, como diria Dudu. Espremi até a última gota ontem, mas nada. Minha laranja intelectual já era, não dá mais suco. O problema é só que essas 3 semanas que faltam implicam em laranja e em muito suco que ainda falta. Pensando por um lado, a diss não tá tão longe de ser acabada... das 30.000 palavras faltam só umas 2.000, mais precisamente as da conclusão. Mas como nada na vida é tão simples, a verdade verdadeira é que o número de palavras não significa nada. Já ultrapassei o limite mínimo (de 20.000 palavras!) há muito tempo e tô é com medo de ultrapassar o máximo de 30.000. O difícil disso tudo é encontrar ânimo pra continuar produzindo, procurando as palavras certas, traduzindo termos, pensando na relação disso com aquilo. O suco acabou mesmo. A fonte secou.
Fazer o quê? Deixar a diss assim de lado nos últimos minutos do segundo tempo não vale, então só o que me resta é largar de frescura e "sentar o dedo nessa p****", como diria nosso mais recente herói Capitão Nascimento. Reta final! Já tá na hora do suco virar vitamina.
Meio intelectual, meio de esquerda - por Antonio Prata
Bar ruim é lindo, bicho
Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins.
Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de 150 anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de 150 anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando nas últimas semanas o proletariado é o Betão, garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas acreditando resolver aí 500 anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
"Ô Betão, traz mais uma pra gente", eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte do Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte do Brasil, por isso vamos a bares ruins,que tem mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gateau e não tem frango à passarinho ou carne de sol com macaxeira que são os pratos tradicionais de nossa cozinha.
Se bem que nós, meio intelectuais, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gateau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
A gente gosta do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil.
Assim como não é qualquer bar ruim.
Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, a gente bate uma punheta ali mesmo.
Quando um de nós, meio intelectuais, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectual, meio de esquerda freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
Porque a gente acha que o bar ruim é autêntico e o bar bom não é, como eu já disse.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas.
Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e nesse ponto a gente já se sente incomodado e quando chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual, nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e universitários, a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó.
Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV.
Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevete e chinelo Rider.
Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico.
E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem.
Os que entendem percebem qual é a nossa, mantém o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam em 50% o preço de tudo.
Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato.
Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae.
Aí eles se fodem, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão brasileira, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda, no Brasil!
Ainda mais porque a cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo.
Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda, como eu que, por questões ideológicas, preferem frango a passarinho e carne de sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca mas é como se diz lá no nordeste e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o nordeste é muito mais autêntico que o sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é mais assim Câmara Cascudo, saca?).
- Ô Betão, vê um cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?
Wednesday, August 27, 2008
Monday, August 25, 2008
Companhia
Ah, a frescura das manhãs em que se chega,
E a palidez das manhãs em que se parte,
Quando as nossas entranhas se arrepanham
E uma vaga sensação parecida com um medo
- O medo ancestral de se afastar e partir,
O misterioso receio ancestral à Chegada e ao Novo -
Encolhe-nos a pele e agonia-nos,
E todo o nosso corpo angustiado sente,
Como se fosse a nossa alma,
Uma inexplicável vontade de poder sentir isto doutra meneira:
Uma saudade a qualquer cousa,
Uma perturbação de afeições a que vaga pátria?
A que costa? a que navio? a que cais?
Que se adoece em nós o pensamento
E só fica um grande vácuo dentro de nós,
Uma oca saciedade de minutos marítimos,
E uma ansiedade vaga que seria tédio ou dor
Se soubesse como sê-lo...
Almost there
Here I am, finally I'm reaching the final days of writing. After almost 2 weeks of work non-stop, on Saturday I decided to take a break and went to Bons Sons, a small music festival that happens every 2 years in an even smaller village called Cem Soldos. After the relaxing 24-hour weekend I'm ready to finish! The dissertation is finally almost done, even though there are still some 1000s of words to be written.
However, what I'm feeling now is more complex (as usual) than just relief for having the work done. I'm worried about finding a job, about having decided to (try to) stay, about loosing this privileged status of 'student'.
But one thing at a time, right? First things first. In the final weeks of dissertation, Snoopy is my best inspiration.
Results soon!
***
Soundtrack: none! I have to concentrate! =P
Monday, August 18, 2008
How to be good
I wonder if there is one with tips on how to be evil. That would certainly be far more interesting! ;)
Enjoy!
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Soundtrack: Rolling Stones, 'Sympathy for the Devil'
Sunday, August 17, 2008
Minhas férias
Eu sei que não tô na escola primária nem nada, mas esse ano, depois das minhas férias, senti uma vontade enorme de compartilhar tudo o que aconteceu comigo. Talvez porque essas tenham sido minhas primeiras férias de verão em agosto, descobri um montão de coisas durante esses míticos dias quentes na Europa.
Percebi que as diferenças entre o verão europeu e brasileiro não estão somente na ausência de cocos na praia e no tamanho dos biquinis. Aqui faz frio a noite, não tem tempestade de verão, ninguém vende bobeira na praia e as pessoas tomam sol (de biquini e eventualmente topless) em literalmente qualquer lugar, desde parques até calçadas mais arrumadinhas à beira de um rio (mesmo que este seja imundo!).
Percebi que os alemães são um povo incrível, que apesar de terem uma má fama, são extremamente educados (mais do que os ingleses!), muito amáveis e muito ecológicos.
Por outro lado, só agora pude ter uma vaga idéia do que se passou de verdade nesse país de extremos: Hitler, o Holocausto, a divisão do país e da cidade de Berlin são coisas ainda difíceis de se compreender. Ainda estou tentando figure out (na falta de uma palavra melhor em português) qual é a desse país ao mesmo tempo tão amigável e assustador.
Aprendi a gostar de várias bandas inusitadas e vi vários preconceitos meus cairem por terra. O melhor de tudo: amo cada vez mais quando isso acontece.
Depois de um tempão, acampei de novo. E foi tão bom!! Só uma dica: regra geral, as barracas que se montam sozinhas em 2 segundos demoram pelo menos 2000 vezes esse tempo para serem desmontadas.
O Algarve é lindo!
Aprendi a fazer sushi.
Finalmente entendi, graças à Laurie, o que as pessoas vêem em Química e até acho que se eu tivesse passado a barreira inicial da teoria, pode até ser que um dia eu viesse a gostar dessa matéria maldita. Tarde demais agora.
Descobri o que é um verdadeiro apfelsaft. O suco de maçã, aquela coisa sem graça que no Brasil evita-se a qualquer custo, é na verdade uma bebida deliciosa. Os alemães só precisam mesmo é de aprender que, com um calor de 32 graus lá fora, colocar um pouco de gelo nas bebidas não faz mal a ninguém.
Aprendi a gostar de picles, mas só daqueles feitos em Spreewald.
Percebi que os alemães ainda têm um longo caminho pela frente ao lidar com as consequências da história do seu país. O muro de Berlin corta a cidade até hoje como uma grande cicatriz e age como uma lembrança silenciosa e permanente na vida cotidiana dos Berliners.
Aprendi a fazer frango com pêssego e a usar flores como condimento.
Vi pela primeira vez um pé de noz que, para minha surpresa completa, é uma árvore gigantesca, ao contrário do que me dizia minha infantil imaginação.
Percebi que avós são lindos em qualquer país e em qualquer cultura.
Aprendi da pior maneira possível que há muitos carteiristas em Lisboa e que eles são muito bons no que fazem.
Percebi que, ao contrário do que eu achava, eu sou mesmo um pouco ligada no 220v e que nem todo mundo consegue me acompanhar nos meus roteiros loucos de turismo all day long e saídas all night long.
Entrei nas águas mais frias em que já estive em toda a minha vida.
Percebi que quanto mais eu conheço Lisboa, mais ela tem pra me mostrar.
Percebi que, de uma vez por todas, tenho que parar de ignorar o fato de que a Espanha é meu próximo destino e começar a arrumar uma maneira de ir correndo pra lá.
Finalmente, vi que Lisboa é mesmo uma cidade incrível, cheia de personalidade, mas que são essas pessoas maravilhosas que aqui vivem que fazem da minha estadia tão linda e divertida.
Me dei conta que, se der tudo certo e eu arrumar mesmo um emprego, outras férias como essas só daqui a um ano!
***
Soundtrack: White Stripes, Chemical Brothers
Friday, August 15, 2008
De volta
Back!
19 days, 7 cities and 2 countries later I'm finally back home. After spending the most amazing time in Germany with my lovely friends (the coolest international group ever!) we came to Lisbon, my home for the moment, for another week of fun, history, monuments, great dinners and amazing moments together.
As if those weren't already the greatest vacations I could ask for, it was followed by 4 days of great music, beautiful beaches and amazing company at Festival Sudoeste, one of the most important summer festivals in Portugal. Not only did I enjoy incredible concerts (especially Björk and Chemical Brothers), but I also got to camp and go to the beach every day! Unbelievably enough, I even got a tan now! ;)
I couldn't ask for greater European summer vacations. The only bad part is that it's got to end now, I got to go back to work on my dissertation and look for a job. Thanks my beautiful friends for these amazing vacations! Can't wait for next year! ;)
You can see all the pictures here!
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Summer soundtrack: Björk, Chemical Brothers, Radiohead, Foo Fighters, Incubus, MPB
Tuesday, August 05, 2008
On vacations
Quinta vou pro Festival Sudoeste em Zambujeira do Mar, o que significa mais praia, sol e música boa. Darei mais notícias em breve com direito a muitas, muuiiitttaaasss fotos.
*enjoy the summer*
Friday, July 18, 2008
Quick update
Ontem à noite, no Bairro Alto, teve bar mexicano, cubano e brasileiro; o último, sem querer vender o peixe, foi o melhor de todos! Música brasuca na voz e violão... não precisa dizer nada.
Amanhã tem show da banda do Hugo. E sábado, olha só pra onde que eu vou: http://www.fmm.com.pt/
Além de tudo, quarta que vem tô shippando pra Alemanha, finalmente!! Vou rever meus dearest friends do primeiro ano em Sheffield, um ano depois da nossa tour na França! Depois de ano passado a gente ter conhecido a casa da Laurie, que acolheu a gente tão lindamente, agora é a vez do David, em Berlin! Bom demais, nem acredito. Tô precisando mesmo de um pouco de cultura anglo-saxã pra balancear esse monte de latino que tem predominado ultimamente. Depois será a minha vez de acolhê-los aqui, chez moi, dessa vez em terras portuguesas.
Muitas novidades nos próximos dias!!
***
Soundtrack: Bjork, Radiohead, Incubus
Tuesday, July 08, 2008
Bloggeira desaparecida volta à ativa depois de mais de 1 mês
O fato é que ultimamente tem sido difícil focar em qualquer coisa e arrumar tempo pra escrever no blog, passar roupa e resolver pequenos problemas tem sido tarefa complicada. Longe de contar tudo o que rolou desde o dia 30 de maio, data do último post (omg! mais de 1 mês!), melhor mesmo é pensar pra frente e contar o que está acontecendo agora... mas não sem antes dar uma passada rápida nos últimos acontecimentos.
O highlight das últimas semanas foi definitivamente a minha viagem familiar. Em meio a risos, saudade e chororô, eu, papi, mami e Du nos divertimos imenso viajando juntos pela primeira vez em território europeu. A família Araújo explorou, da melhor e mais divertida maneira possível, seis países no Velho Mundo e juntou casos pra contar por horas e horas a fio.
Essa viagem ensemble foi pra mim a realização de um sonho. Sempre quis que eles saíssem do Brasil, ainda mais comigo, ainda mais pra Europa, ainda mais visitando países que se tornaram a minha casa (ou o meu destino de férias). Eles puderam ver tudo, onde eu moro, o que faço, como é a vida na Zoropa. É impagável a cumplicidade daqueles que já ao menos visitaram o lugar onde você vive. Brigada, family, pela maior delícia da minha estadia aqui até hoje!!
Desenvolvi a teoria, depois dessa viagem, que os sentimentos bons durante um acontecimento são diretamente proporcionais aos sentimentos ruins de quando o acontecimento acaba. Quanto mais feliz você estiver no decorrer de uma situação, mais triste você, ou melhor, eu!, vai ficar quando a situação acabar. Então já dá pra imaginar o estado de lástima que eu fiquei quando eles todos se foram. Foram os dias mais difíceis desde que eu cheguei a Portugal; quis voltar pro Brasil, chorava só de pensar na minha family querida e nada me convencia de onde que eu tava com a cabeça de inventar de ficar longe deles.
Recuperada, escrevi o trabalho que eu tinha que entregar pra minha disciplina daqui e logo voltei à velha amiga Dissertation, ou Diss, para os mais íntimos. Diss estava aqui me esperando aflita, pois há muito que eu não dava a mínima atenção pra ela. Voltando aos afazeres habituais, como estudo, remo e findes maravilhosos, as coisas voltaram a se acertar...
... até a semana passada, que veio acompanhada de despedidas e 'bienvenidas'. Chegou o fatídico mês de Julho, época em que os amigos começam a se despedir depois de terminadas as aulas e seus semestres Erasmus ou Mundus. Se antes eu era uma das primeiras a say goodbye, dessa vez, pra bem ou pra mal, eu fico. As despedidas, que graças ao Erasmus Mundus se tornaram eventos altamente traumatizantes, já começaram com um convivente, uma amiga de Lix e uma visita indo embora todos no mesmo dia. Em compensação (de altos e baixos é feita a vida!) chegaram visitas novas que alegraram muito o meu coração tristonho! O mês ainda não está nem na metade então até ele passar, vou ter que ser, "antes de tudo, um forte", como o nordestino é pro Guimarães Rosa.
Entretanto (olha o Português de Portugal aí!), vou aproveitando meus dias e noites nesta cidade linda que é Lisboa e que me acolhe sempre em suas colinas, no seu rio-mar, em suas ruas tão familiares e nos seus bares tão ímpares.
Logo logo vou colocar todas as últimas fotos (que são muitas!) aqui.
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Soundtrack: Gothan Project, Farra Fanfarra e Smashing Pumpinks' Mellon Collie and the Infinite Sadness
Friday, May 30, 2008
Finally!
Chegou! A hora tão esperada chegou! Dudu já está aqui e mamãe e papai estão a caminho. Amanhã tão cedo quanto às 6h da matina a família vai estar toda reunida!! E depois vai ser só turismo, viagem e tudo mais que a gente tem direito, com uma paradinha técnica em Perugia para eu ir ao encontro dos Erasmus Mundus. Negócios a parte, a partir de amanhã me voy, então eu, que já andava meio perdida-sumida, vou me perder ainda mais, mas dessa vez na Europa e na melhor companhia!
Até a volta! Prometo muitas fotos! ;)
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Friday, May 23, 2008
P.off
Things have been crazy lately.
Nothing works: it's been raining all the time (way worse now than it was during the winter); I've been constantly haunted by a creative block that won't go away; associated with the block comes other things that are really getting in the way of my already delayed schedule.
What is it?? Is it just anxiety because my favorite visitors are coming next week or has the world really decided to get on my nerves this week?
I need to work, so, please, give me a break!
Saturday, May 17, 2008
blueberry
and now comes Kar Wai Wong and makes a film as deeply beautiful as can be with the title 'my blueberry nights'... and as if 'blueberry' was not beautiful enough, it comes together with 'nights'. maybe there will never be words that match more than these two, at least tonight, at least at this moment. blueberry nights. i'd like some, please, with ice cream.
Thursday, May 08, 2008
Study in Europe
Lots of people come and ask me about tips and help about studying in Europe. Now, thanks to the EU, a brand new website was launched, the Study in Europe! There you guys can find all the information you need about universities, scholarships, life in Europe and everything else you might need. It's a good place to start looking and, if you already know what you want, it's a good place to refine your search. Soon the website will be available in other languages, including Portuguese! =) And, so you guys are more curious to go and take a look, I'm at the website as well, under 'Testimonials' with a cute student-with-a-backpack picture and a short comment about my life here!
Go take a look and start planning your life in Europe!!
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Monday, April 21, 2008
Flatmates' finde
Speaking of flatmates, mine and I had some fun this weekend. We all went out together for the first time on Friday and then again on Saturday. The weekend was great, but I can still feel the consequences in my aching body from the rowing classes and my sleepy eyes from Saturday night. On Friday, in spite of the rain, we went to see some live Fado at one of my favorite places in Lisbon: Chapitô, and then we did the classic Bairro Alto aftewards.
On Saturday my flatmates and I gladly decided to cook an authentic paella valenciana! Happy me, I learned a great authentic Spanish recipe and my friends had a great dinner. It was lots of fun, from beginning to end, especially cause we got to buy the Spanish paella pan! After an amazing combination of Brazilian caipirinha and tuna dip for tapas, Spanish paella and wine for dinner, and English apple crumble and Portuguese bolo de bolacha for desert, half of us went clubbing. The night was great and went by very quickly as we came back home and sun was already rising.
On Sunday, even though I was kind of in a sleep mode, my dear flatmates helped me to take off the horrible green carpet that kept my room dark and ugly and we were all day cleaning and waxing my brand new wooden floor!
Lots of fun, lots of bonding! The weekend is over already! Now I'm about to finish the review of the dissertation chapter I wrote last week so that I can start working on the next book: Zola's Germinal. Last week I was so into Oscar Wilde, Dorian Gray and the Victorian society that I almost lost the reference of time and space. The weekend brought me back to the 21st century for a couple of days but now I'm travelling all my way back to the 19th. Hopefully my week will be as productive as the last one, and the weekend as nice!
Non-dissertation plans for this week are the Lisboa Indie Festival, theatre on Tuesday, and our Open House party on Friday! Wanna come?
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Soundtrack: Foo Fighters (isn't Dave Grohl really cute or is it just me?)
PS: More pictures at my Picasa Album here!
Wednesday, April 16, 2008
Glossário
O bom disso tudo é que não me canso de aprender novas palavras. Por isso, vai aqui um pequeno glossário de português autenticamente tuga:
Adjetivos
- Parolo: barango, brega (a Andrea custou a me fazer entender o que era isso!)
- Muita bom: é, aqui eles dizem "muita" independente do adjetivo ser feminino ou não!
- Bué da bom: o mesmo que "muita bom"
- Parvo: idiota, estúpido
- Babaca: não é o mesmo que babaca no Brasil. Babaca aqui é o mesmo que bobo
- Totó: bobo, idiota
- Giro(a): legal, ou quando é pra pessoa, bonito ou bonita
- Fixe: legal, massa
- Chapéu: guarda-chuva, sombrinha
- Alguidares: bacia
- *Agrafador : grampeador (esqueci como que fala! Vou lembrar!)
- Varinha mágica: mixer
- *Chávena: xícara
- *Lume: fogão
- *Alcatife: carpete
- Talho: açougue
- Ginásio: academia
- Discoteca: boite
- Casa de banho: banheiro
- Queque (masc): muffin (não confundir com queca, no feminino!)
- Ginjinha: licor classicamente lisboeta feito de cereja
- Meia de leite: café com leite
- Galão: café com leite no copo
- Bica: um café normal
- Alho-francês: alho-poró
- Sumo: suco
- *Pimento: pimentão
- Autocarro: ônibus
- Comboio (pronuncia "combóio", não se enganem): trem
- Metro (sem acento mesmo): metrô
- Elétrico: bonde
- Bicicleta: bicicleta :) (essa foi só piadinha mesmo)
- Já viste aquele gajo, que parolo!
- Oh, pá, é o Manuel. Ele é mesmo muito totó!
- Pois. E ainda anda a meter-se com aquela rapariga giríssima!
- Ela é bué da fixe.
A verdade é que aprendo palavras novas o tempo todo e fico tentando lembrar de todas pra colocar aqui. Se alguém tiver alguma contribuição, vai fundo aí nos comentários!
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Findes
Esta semana e a última têm sido de preocupações, porque estou mais uma vez escrevendo. É sempre assim, mas essas coisas só saem mesmo na pressão, então tá valendo!
Os findes estão sendo tão absolutamente cheios, que não tô achando tempo nem pra dormir, quanto mais pra escrever sobre eles!
Há duas semanas atrás fui a um evento excelente, o Peixe em Lisboa. Foi um evento gastronômico super legal que reuniu vários restaurantes renomados de Lisboa juntamente com chefs e marcas importantes dessa área: de vinho a geléia, tava tudo "muita bom", como eles dizem por aqui. Nesse mesmo sábado, antes de ir ao evento, eu e a Mari fomos pro remo e de noite fomo ao Bairro Alto pra festa de lançamento do carro novo da Fiat - o Fiat 500 - que é lindo igual ao Minnie. A festa foi muito 10 e além de música boa e ambiente ótimo, ainda conheci outra brasuca amiga da Mari, a Flavinha, gente fina demais.
No último finde teve tanta coisa pra fazer que eu tive literalmente que voltar pra casa pra dormir. Na sexta teve chá numa casa de chá lindíssima indicada pela Andrea e à noite cinema e boite com a Mari, a Flavinha e a Andrea. No sábado teve uma tímida tentativa de leitura (que não deu lá muito certo) e depois jantar e Bairro Alto com as Mundus todas mais agregados gerais.
E finalmente no domingo teve remo (que foi muito emocionante, com as águas do rio super agitadas!!) e tinha uma conferência de tarde, que eu não consegui ir porque tive que parar um pouco e dormir. À noite foi a festa de aniversário da Elwira lá na casa dela, que teve direito a sangria, a comida polaca e até à polícia mandando a gente fazer silêncio.
Os findes têm sido assim, agitadíssimos e muito divertidos! Can't wait for the next one!
Saturday, April 12, 2008
Ctrl+C
"BBB
- O Rafinha é qual? Aquele que é Nemo?
- É quase isso mãe"
* Valeu, Mizarela!
Monday, April 07, 2008
Semana Santa
Aqui em Portugal o povo é mesmo católico, igual aí no Brasil, no interiorzão. Semana Santa aqui é santa mesmo, tem aquelas coisas todas, procissão, quaresma, tudinho igual à nossa pátria mãe gentil. Por isso resolvemos ir pro norte de Portugal visitar Braga, a cidade que tem a Semana Santa mais famosa daqui. Mas como percebemos através dos guias turísticos online que tudo o que ia ter pra fazer em Braga era ver igreja e procissão, decidimos ficar lá um dia e os outros dois passamos no Porto.
Braga foi legal mesmo. Vimos umas vinte igrejas, todas muito lindas, algumas realmente maravilhosas. Tenho que confessar que já me cansei um pouco de ver igrejas aqui na Europa, porque a maioria (especialmente as góticas) são todas iguais e não muito bonitas. Mas essas de Braga me fizeram pagar língua, porque elas eram mesmo lindas. Uma em especial é a que fica em Bom Jesus do Monte, uma montanha um pouco fora da cidade bem alta com uma vista maravilhosa e uma igreja, um parque, um jardim... tudo impecável de lindo!
Além das igrejas, vimos também a procissão da Morte do Senhor, na sexta-feira, que foi muito bonita, fúnebre e triste. Eles definitivamente conseguiram o que eles queriam, que era aquele clima horrível de morte. Mas foi muito legal mesmo assim, ainda mais por perceber que a cidade inteira estava ali envolvida com aquela procissão, uma das mais democráticas que já vi na vida: crianças, velhos, adolescentes escoteiros, adultos, todos juntos, cada qual com representando um personagem da paixão de Cristo. Todos igualmente felizes de fazer parte daquele evento. Todos (inclusive a platéia) igualmente inseridos no clima fúnebre da sexta-feira da paixão, pois não havia um pio durante a procissão inteira. E olha que isso é difícil, vindo dos portugueses, viu! Eles falam mais que a gente!
Depois dessa parte de aprender sobre os costumes lá no Minho (região onde está Braga), eu e a Mari pegamos o comboio em direção ao Porto, a segunda maior cidade de Portugal. Porto está pra Lisboa mais ou menos como o Rio está pra São Paulo em alguns aspectos. Porto é menor, as pessoas são mais simpáticas, mas a cidade tem uma grande importância econômica e cultural. Em Lisboa dizem que as pessoas são mais frias (difícil de acreditar!) e a cidade é menos culturalmente agitada, o que não é verdade de jeito nenhum. Na verdade, o Porto e Lisboa competem em tudo e é por isso que podem ser comparadas ao Rio e a Sampa. Se aqui tivesse ponte aéra, ela seria definitivamente a "ponte aérea Lisboa-Porto".
Porto se parece muito mesmo é com Ouro Preto. Os morros; a arquitetura, muito mais escura, pesada e triste; o clima, frio; e o clima, cultural. Acho que Lisboa lembra mais Diamantina, com suas casas coloridas e alegres, enquanto o Porto é mais pesado, como Ouro Preto. A grande diferença são os rios que banham as duas cidades e que nós não temos em Minas. Descobri que esse negócio de ter água por perto é mesmo muito fixe (que significa "legal", em Portugal). As águas dos rios e do mar aqui estão sempre próximas e lindamente azuis. No Porto, o rio Douro é menor e mais limpo que o Tejo aqui em Lisboa, mas os dois são igualmente valiosos e desempenham um papel muito importante na vida dos portugueses. Acho que não vou saber explicar direito que papel é esse, pois eu mesma ainda não sei; mas vejo e sinto que a presença da água é importante pra eles (ainda mais no que diz respeito à ever-lasting nostalgia que circula por aqui da "grande nação" que foi Portugal nos tempos das navegações).
No Porto ainda tivemos a felicidade de re-encontrar um amigo nosso português que conhecemos em Sheffield e que por acaso estava também na cidade pras férias de Páscoa. Fomos à praia, jantamos à portuguesa e nos divertimos demais!
O tempo foi curto, mas foi com certeza quality time! Nós estamos doidas pra voltar lá no Porto e no norte de Portugal como um todo, especialmente na minha cidade portuguesa Viana do Castelo. Quem sabe se eu não acho lá algum parente perdido?? ;) Mas decidi esperar um pouco pra viajar de novo, pois percebi que tem tanta coisa pra fazer em Lisboa que tenho que empenhar meu próximo feriado aqui na tentativa de ver tudo! Tenho até uma listinha pra eu não esquecer de nada!
No próximo post vou contar como foi meu último finde só pra vocês terem uma idéia de como que esta cidade é incrível! And it only gets better and better!!
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Sountrack: Manu Chao (can you believe it?)