Wednesday, February 27, 2008
Saudade
Isso de viajar é bom demais. Melhor ainda é poder aproveitar a cidade, conhecer os hábitos das pessoas de lá, comer as comidas locais e usar o transporte público. Melhor que isso mesmo só morando. É esse o meu último semestre como Erasmus Mundus. Credo, parece que foi ontem. Morar em Lisboa está sendo ótimo; aqui é uma cidade cheia de alternativas. Lembra um pouco BH porque é grande e pequena ao mesmo tempo.
O único problema disso tudo é a saudade. As coisas novas vêm, as coisas presentes passam e o que fica é a saudade, só. Descobri que a partir do momento que saímos lá daquele nosso casulo-porto-seguro, que pode ser a casa dos nossos pais, ou a nossa cidade natal, ou qualquer outra coisa, ficamos assim, condenados à saudade eternamente. Nunca mais seremos os mesmos. Estaremos felizes numa cidade, mas sempre a relembrar uma outra. Teremos amigos incríveis, mas sentiremos falta daqueles amigos de outros tempos.
A saudade vira mesmo companheira. Mas às vezes não sei bem o que fazer com ela.
Monday, February 25, 2008
Tropeços e começos
Há uma semana cheguei. Hoje tive uma reunião de boas-vindas, por assim dizer, lá da Faculdade. Escolhi a matéria que vou fazer. Amanhã começam as aulas, todas as terças, de 18h às 22h. Achei um quarto pra morar num apê com mais 3. Tudo "está a andar" aqui na terrinha.
Lisboa me recebeu muito bem, apesar da chuva diluvial do início. As pessoas são educadas e simpáticas em sua maioria. Mas a língua, por vezes não a reconheço como minha. Tenho medo de me dirigir às pessoas depois que fui tolhida ao dizer "você" outro dia. Tenho que me lembrar sempre de tentar dizer "tu", mas, muito mais importante que isso, tenho que me acostumar a falar com professores e pessoas assim "hierárquicas" em terceira pessoa. Em vez de perguntar a um professor "Você pode me dizer qual livro é este?", devo dizer "O senhor professor pode me dizer qual livro é este?". Falo palavras que as pessoas daqui não conhecem. Falo palavras que eu não conheço pra conseguir me comunicar. Falamos a mesma língua? Acho que sim. Me sinto confortável? Não! Quero falar inglês.
***
PS: Tem fotos aqui!
Wednesday, February 20, 2008
Pastilha de mascar
Cá estou na Terrinha há três dias. Já falo "disssscullllp", assim mesmo, engolindo a última letra e alongando as consoantes do meio. Hoje comecei com "tu". Tudo muito estranho. É como se eu (minha personalidade e vida inteira) sumissem diante dessas mudanças sutis na minha fala, essas que às vezes eu quero que aconteçam e às vezes só chegam, sem avisar. O vocabulário do dia-a-dia já está mudado também: pego o metro, não o metrÔ, pra voltar pra casa. Vou de COMBOIO pra Cascais, não de trem. Aqui não se pega ônibus, e sim AUTOCARRO. E esses são só exemplos da área de transportes. Muda um pouco a língua, muda um pouco a minha imagem diante dos outros e também de mim mesma.
Que bom que somos um grupo de Erasmus Mundus e que ficamos mudando de língua toda hora, assim posso me encontrar em outros idiomas.
Que bom que somos um grupo de Erasmus Mundus e que ficamos mudando de língua toda hora, assim posso me encontrar em outros idiomas.
TP0168
Cheguei.
Confesso que no avião, me assustei com a rapidez da viagem e quase que não queria chegar. Onde estavam aquelas 12 horas de vôo mais 8 horas de aeroporto com direito a enormes filas pra passar na segurança? Nada disso. Vôo direito BHZ-LIS. Inacreditavelmente rápido, confortável, gostoso. Boa comida, ótimos filmes, avião novinho... tudo ótimo, tirando que dessa vez eu não queria chegar. Queria ficar lá, in transit, pra sempre, pra não ter que encarar a minha solidão. Dessa vez, a solidão ia ser bem pior, ia ser solidão de verdade, e eu estava com muito medo de ter que encará-la.
Não foi culpa da TAP; o vôo foi excelente (eu recomendo!). O problema foi mesmo comigo. De onde será que tirei essa idéia louca de querer ficar aqui na Europa e abrir mão de tanta coisa assim sem mais nem menos?
Vai saber.
Confesso que no avião, me assustei com a rapidez da viagem e quase que não queria chegar. Onde estavam aquelas 12 horas de vôo mais 8 horas de aeroporto com direito a enormes filas pra passar na segurança? Nada disso. Vôo direito BHZ-LIS. Inacreditavelmente rápido, confortável, gostoso. Boa comida, ótimos filmes, avião novinho... tudo ótimo, tirando que dessa vez eu não queria chegar. Queria ficar lá, in transit, pra sempre, pra não ter que encarar a minha solidão. Dessa vez, a solidão ia ser bem pior, ia ser solidão de verdade, e eu estava com muito medo de ter que encará-la.
Não foi culpa da TAP; o vôo foi excelente (eu recomendo!). O problema foi mesmo comigo. De onde será que tirei essa idéia louca de querer ficar aqui na Europa e abrir mão de tanta coisa assim sem mais nem menos?
Vai saber.
Thursday, February 07, 2008
There... and back again
Quando eu venho pro Brasil meu blog fica assim mesmo, meio que jogado às moscas. O motivo é simples: aqui tenho coisa pra fazer sempre e, o mais importante, tenho companhia o tempo todo, então dá pra entender porque é meio difícil eu querer trocar minhas companhias maravilhosas pelo computador!
Esses dias o que eu estava fazendo era a minha essay que faltava. Entreguei agora no finalzinho de janeiro finalmente... e acabou! Só que é assim mesmo, acaba uma essay, mas recomeça a dissertação, essa coisa eterna que haunts me 24 horas por dia. Como acabei o trabalho um pouquinho antes do Carnaval, resolvi me deixar levar pela preguiça e ficar aqui na à-toísse mesmo. E foi precisamente isso que aconteceu. Por causa da chuva, eu e o Dé acabamos cancelando nossa viagem que seria incrível, pro Jalapão. Aí não deu outra: choveu o Carnaval inteirinho e nós ficamos em casa, agarradinhos, vendo tudo quanto é filme. Fomos ao cinema ver O Caçador de Pipas, vimos em casa de filmes da seleção de Cannes aos da Sessão da Tarde... mas o melhor mesmo foi a nossa maratona!! Fizemos uma Maratona Senhor do Anéis e vimos a versão extendida (leia-se quatro horas para cada filme) aqui em casa, no maior clima de cinema com direito a pipoca e tudo! Não conseguimos ver os três filmes direto; vimos e primeiro e o segundo... 8 horas!! Foi o programa nerd mais legal que eu já fiz! Só diversão!
Depois de ver tantos filmes, resolvemos festejar e deixar essa chuva pra lá. Minha mãe fez aqui em casa um Grito de Carnaval! Foi o Carnaval com menos samba da história do mundo, mas mesmo assim foi be, divertido! Os convidados tiveram direito a colarzinho e a uma decoração bem carnavalesca! Esse foi o nosso Carnaval labo B!
No mais, Gerais. Daqui a pouco mais de uma semana eu já tô de volta à Zoropa, dessa vez pra Lisboa. Tenho que aproveitar aqui enquanto posso.
Hasta la vista!
***
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