Friday, July 20, 2007
Vergonha no Brasil
Meu último post foi escrito horas antes do pior acidente da história da aviação brasileira, com quase 200 mortos. Chorei. Fiquei estática diante das imagens ao vivo na televisão seguidas de narrações vazias de repórteres que não sabiam mais o que dizer diante de tamanho desastre. Nomes não faltam para substituir o termo "acidente", mas na minha opinião, além de tragédia isso foi também um absurdo. Há 9 meses de outro acidente aéreo de grandes proporções no Brasil e possivelmente consequência de uma crise no setor aéreo brasileiro, o avião da TAM demonstrou de maneira mais alarmante a realidade irresponsável que é esse país. Mesmo diante de tamanha monstruosidade e de fortes especulações de especialistas e leigos, as "autoridades" brasileiras já decepcionam. O Presidente se esconde com medo do bicho-papão que ele mesmo e sua falta de habilidades adminstrativas (pra não dizer mais) alavancou, assim como fez quando recebeu (merecidíssimas) vaias na abertura dos Jogos Panamericanos e logo colocou o rabo entre as pernas e saiu correndo se esconder em Brasília. A culpa é jogada de mão em mão como uma batata quente, naturalmente sendo os fatos - repito, os fatos - vêementemente negados por todos os que são ou foram responsáveis por qualquer coisa que estivesse relacionada ao acidente: a pista NÃO estava escorregadia, as ranhuras NÃO faziam diferença, a pista do aeroporto de Congonhas NÃO é muito curta, o aeroporto NÃO é superlotado e NÃO está no meio da cidade de São Paulo... e por aí vai.
Nesse momento, sinto uma imensa tristeza pelas famílias e amigos das vítimas; sinto um enorme me de ter que mais uma vez me ver dentro de um avião na minha volta para a Europa, assim como nas viagens do meu pai e do meu irmão próximas; mas acima de tudo, sinto revolta pela situação ridícula que vive esse país, sustentado em sua totalidade por pilares de palitos de dente segurados por pessoas irresponsáveis - de autoridades a funcionários. Não há dúvida de quem é a culpa deste e de todos os outros "acidentes" brasileiros - aéreos, políticos ou sociais - é dessa cultura popular medíocre de nada levar a sério; em que fazer um trabalho bem feito não é motivo de orgulho e reconhecimento, mas sim de chacota; em que ter 100% de aproveitamento em qualquer área é exceção, e não regra; em o "jeitinho brasileiro" resolve tudo o que der e vier, da maneira mais fácil, menos responsável e menos inteligente de todas. Para usar uma metáfora sexual a exemplo da nossa ilustre Ministra do Turismo, tudo aqui é feito "nas coxas" e é por isso mesmo que desastres de todos os tipos continuam e continuarão a acontecer nesse país do "faz-de-conta": faz-de-conta que faz mas vai ali tomar uma cerveja que é melhor.
Tuesday, July 17, 2007
E as saudades...
Tô com saudade! Saudade de Perpi, de Luana e de Denise, de almoçar no RestoU, de ter que mudar de língua pra pedir informação na rua. Li o blog da Dê hoje e vi os depoimentos dela da minha partida... fiquei triste de saudade. Lembro delas, minhas "melhores-amigas-de-todos-os- tempos-da-última-semana" toda hora, pra contar um caso, pra saber umas fofocas, pra bater um papo, pra passear...
Aqui em BH, tirando o meu desespero por não conseguir resolver o tema da minha dissertação, estou matando as saudades de tudo e de todos calmamente... mas a verdade é que ela nunca morre. A saudade, ela existe em mim sempre, agora que não tenho casa fixa: ela é ao mesmo tempo daqui e de lá (dos "lás"). Enquanto estou aqui, penso no Lá e penso no Aqui, quando eu o deixar... a única coisa realmente ruim de viajar é ter que deixar um dos lados pra trás. Não consigo parar de pensar na música "Encontros e Despedidas", que a Maria Rita canta no primeiro CD dela, tão mineira essa música!
"Mande notícias do mundo de lá",
diz quem fica.
Me dê um abraço
venha me apertar
Tô chegando!
É assim mesmo, uma lacuna, um gap eterno se abre na alma quando a gente viaja. Dois lados, chegar e partir, duas cidades, dois grupos de pessoas, dois tipos de amor diferentes, duas vidas...
E assim, chegar e partir
são só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida
A plataforma dessa estação
é a vida
Meninas, saudades de vocês! Perpi, tu me manques! Brasil, tô aqui! E só pra acabar, vou roubar a citação lá do blog da Dê:
"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de historias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas proprias arvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o proprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveriamos ser alunos, e simplesmente ir ver". (Mar sem fim - Amyr Klink)
Aqui em BH, tirando o meu desespero por não conseguir resolver o tema da minha dissertação, estou matando as saudades de tudo e de todos calmamente... mas a verdade é que ela nunca morre. A saudade, ela existe em mim sempre, agora que não tenho casa fixa: ela é ao mesmo tempo daqui e de lá (dos "lás"). Enquanto estou aqui, penso no Lá e penso no Aqui, quando eu o deixar... a única coisa realmente ruim de viajar é ter que deixar um dos lados pra trás. Não consigo parar de pensar na música "Encontros e Despedidas", que a Maria Rita canta no primeiro CD dela, tão mineira essa música!
"Mande notícias do mundo de lá",
diz quem fica.
Me dê um abraço
venha me apertar
Tô chegando!
É assim mesmo, uma lacuna, um gap eterno se abre na alma quando a gente viaja. Dois lados, chegar e partir, duas cidades, dois grupos de pessoas, dois tipos de amor diferentes, duas vidas...
E assim, chegar e partir
são só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida
A plataforma dessa estação
é a vida
Meninas, saudades de vocês! Perpi, tu me manques! Brasil, tô aqui! E só pra acabar, vou roubar a citação lá do blog da Dê:
"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de historias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas proprias arvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o proprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveriamos ser alunos, e simplesmente ir ver". (Mar sem fim - Amyr Klink)
Tuesday, July 03, 2007
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