Friday, March 13, 2009

Dias lindos [de despedida] em Lix

O último post já tem tempo e as coisas em Lisboa mudaram. Pra começar, agora tem sol. E além do sol, tem calor. Apesar de que oficialmente a temperatura só chegou aos 23, de verdade tá nos 27! Bom demais. É estranho como que a temperatura, só a tempratura, já me trás tantas lembranças. Lembranças daqui mesmo, da última primavera e do último verão, tão deliciosamente bons nessa cidade linda.

O cheiro mudou, já que agora o tempo está seco. A cor mudou, com o azul se destacando mais do que nunca. Alguns amigos mudaram, novos chegaram, antigos se foram. Logo logo que vai se mudar sou eu. A ficha ainda tá longe de cair, porque por enquanto tudo o que eu tô fazendo é curtir a cidade. O trabalho acabou, a chuva parou e agora sou só eu e Lisboa num ritual diário de despedidas imperceptíveis. Não penso o tempo todo, "nunca mais vou morar aqui" ou "sabe-se lá quando vou passar de novo por essa rua". Não, nada disso. Continuo, na verdade, com meus pensamentos comuns... "que linda essa cidade", "que bom é estar aqui". Por isso digo que não caiu a ficha. Mas mesmo assim, a despedida se mostra, silenciosa. Parece que esse tempo maravilhoso no meio de março é um presente de Lisboa, um jeito dela dizer "obrigada por fazer parte de mim por um ano". E eu digo, "obrigada eu!", de um jeitinho bem tuga.

Pra aplacar a tristeza de ir embora, penso na felicidade de chegar, no velho "dois lados da mesma viagem" como já disseram o Milton e a Maria Rita. Chegar em BH, estar em BH vai ser bom. Tenho saudades de lá, tenho saudades deles, que vivem lá. Isso sim será bom. Meu medo é o depois do chegar, os meses depois, um tempo depois, sabe-se lá quando... quando bate aquele desespero comum que os belorizontinos bem conhecem de uma estagnação sem fim, de quando parece que BH é o último lugar do mundo, onde nada mais acontece. Minhas esperanças são de que, quando chegar esse momento indefectível, eu já vou estar noutra. Noutra cá ou lá, num emprego legal, divertido, empolgante. Vamos ver quanto tempo eu aguento.

Mais uma vez, a idéia de começar de novo me atrai, essa loucura tão humana que me faz gostar tanto das repetições e que me provoca um sentimento tão reconfortante só de pensar em recomeçar. Mas pra recomeçar, tenho que acabar antes. E acabar é em Lisboa. Não quero nem pensar no tanto que isso vai ser triste.

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